Cinema Tunisino: de 6 a 19 de abril

A cinematografia tunisina, como as cinematografias dos países árabes de modo geral, é por assim dizer, desconhecida em Portugal. A própria Cinemateca, ao longo dos últimos 20 anos, além de projeções esparsas, só organizou três Ciclos dedicados a estas cinematografias: um ao cinema egípcio em 1996, um ao argelino em 2001 e um breve ciclo de três filmes dedicado ao cinema tunisino atual, em janeiro do ano passado. No entanto, a cinematografia tunisina não é recente. As primeiras imagens do país foram captadas em 1896 pelos operadores Lumière e no ano seguinte foram organizadas as primeiras projeções. A primeira longa-metragem data de 1924. O país tornou-se independente em março de 1956, dotou-se de estruturas laicas (o que se refletiu em particular na condição feminina) e investiu seriamente na educação. Em 1958, foi fundada a primeira revista de cinema do país independente, pelo cineclube de Sfax. A primeira longa-metragem realizada por um tunisino depois desta data foi feita em 1966: AL FAJR (“A AURORA”), de Omar Khlifi. Neste mesmo ano foram criadas as Jornadas de Cinema de Cartago, um festival internacional que permitia ao público familiarizar-se com a melhor produção internacional, mas cujos prémios eram reservados a filmes do mundo árabe e da África Negra. Em 1967, seria fundado um bem equipado estúdio e, em 1971, seria publicado o primeiro livro sobre a História do cinema na Tunísia. Nos anos sessenta e setenta surgiriam diversos nomes marcantes, num contexto estável e otimista. Mas as incertezas políticas do período final do longo “reinado” de Habib Bourguiba (1957-87) e o completo endurecimento político do regime após a deposição do “Grande Combatente”, tornaram a situação do cinema tunisino muito difícil até à revolução de janeiro de 2011.
Neste Ciclo propomos uma visão histórica, embora não exaustiva, do cinema tunisino, com dois dos filmes mais célebres desta cinematografia, que obtiveram êxito nos circuitos internacionais de autor nos anos noventa (HALFAOUINE e “OS SILÊNCIOS DO PALÁCIO”), dois filmes de Nouri Bouzid, um dos nomes mais consagrados do cinema do país, um de outo nome importante, Mahmoud ben Mahmoud, um filme de produção recente e, para rematar, um retrato do fundador do Festival de Cartago, o homem que foi a consciência cultural do cinema tunisino nos anos sessenta e setenta, Tahar Chéria. Em sete filmes, uma mostra do belo cinema de um país tão próximo e tão distante. Os filmes do programa são primeiras exibições na Cinemateca.
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