ENCONTRO COM JEAN-CLAUDE ROUSSEAU quarta-feira 25 novembro 18h30 | Sala Luís de Pina
Encontro com Jean-Claude Rousseau em que se discutirão as características e os aspectos mais relevantes da singularíssima obra fílmica que tem vindo a desenvolver a solo desde o início dos anos oitenta, interrogando as propriedades e as possibilidades do cinema na sua relação com a sua própria vida e com o mundo.
Uma sessão em que também será mostrada a curta-metragem PAS CETTE NUIT, filme de 2007 com cerca de três minutos, que assim completa a integralidade desta retrospetiva dedicada a Rousseau.
Entrada livre, mediante levantamento de ingresso na bilheteira
SOBRE JEAN-CLAUDE ROUSSEAU
Maioritariamente constituídos por longos planos fixos, que evidenciam a passagem do tempo e da duração, os filmes de Jean-Claude Rousseau resultam de um longo e rigoroso trabalho solitário.
Se os mais recentes têm sido realizados em vídeo, nas suas primeiras obras o suporte original é o Super 8mm, o que lhes confere características únicas ao condicionar a forma final de filmes em que cada bobine corresponde a um bloco espácio-temporal.
Ao "montá-las" Rousseau respeita a sua integridade, preservando as pontas que as separam, sustentando que não pratica montagem, mas apenas ordenação. O cineasta recusa assim o “raccord” em favor do "accord": "Há montagem quando se procura, há acordo quando se encontra". Este é assim o princípio de base do seu cinema, que estenderá a todo o trabalho posterior em vídeo, pois, independentemente do suporte, o cinema de Rousseau permanece, na sua essência, o mesmo.
Sem argumento predefinido, os filmes estruturam-se em plena rodagem, num processo de permanente descoberta.
A estas características soma-se um cuidadoso trabalho em torno das relações entre o som e a imagem, uma forte relação afetiva com os locais filmados (dado que é uma obra ancorada na autorrepresentação), e a extrema importância atribuída ao enquadramento e às linhas que enformam uma imagem, composições rigorosas que norteiam longos planos fixos que permitem que o mundo se manifeste no seu interior.
Como Rousseau já escrevia no texto de apresentação do seu primeiro filme, "Conservar os planos como são, não procurar modificá-los através do jogo da montagem.
Deixar que os elementos encontrem o seu lugar. Esperar que se ajustem ganhando luz. A beleza não aparece onde a procuramos".
Investindo numa observação atenta da realidade, Rousseau faz assim parte de uma rara família de cineastas, entre os quais encontramos também Jean-Marie Straub, que filmam a presença das coisas e trabalham o plano como zona de intensidades – intensidade de movimento, de tempo, de cor e de luz –, num cinema profundamente materialista que toca de perto a matéria e a experiência sensível do mundo, conservando parte do seu mistério.
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