Ciclo de conferências II - Fotografia no Feminino | Joana Ascensão | 24 novembro
Helena Almeida
Afirmação e Negação da Fotografia
Como explicitei numa nota de intenções, escrita na altura da realização do filme Pintura Habitada: "Fazer do filme uma zona de convergência de imagens e sons de natureza heterogénea, fazia parte de um projecto mais vasto de, sem cair na ilustração, procurar incorporar na sua forma algumas das características mais marcantes da obra de Helena Almeida.
Entre elas: a importância assumida pelo espaço do seu atelier e pelos elementos e objectos aí existentes; o recurso a lógicas de serialidade e de repetição; a simplicidade e a economia de meios; o trabalho sobre a materialidade dos suportes; a tensão entre imagens fixas e imagens em movimento; a atenção à questão do tempo e da duração; ou o permanente jogo entre ocultação e revelação (sempre parcial e velada) do corpo e do rosto de Helena Almeida, revelador de uma tendência geral para uma certa opacidade e abstracção.".
No contexto de uma prática artística iniciada no final da década de sessenta, todos estes são elementos que, de diferentes modos, surgem associados à introdução de uma forte indeterminação no domínio da representação, mediante a qual a Helena Almeida interroga a própria imagem fotográfica.
Joana Ascensão é realizadora e programadora de cinema.
Realizou Pintura Habitada (Grande Prémio para o Melhor Documentário Português de Longa-Metragem do Festival DocLisboa 2006), filme sobre o trabalho da artista Helena Almeida, exibido em diversos festivais internacionais, mostras de cinema, museus e galerias, em Portugal e no estrangeiro.
Mestre em Ciências da Comunicação (Universidade Nova de Lisboa), leccionou durante vários anos cadeiras da Licenciatura de Fotografia da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.
Desde 2009, como programadora da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, tem sido responsável pela concepção e organização de ciclos temáticos e retrospectivas de autor, como Visões do Deserto; Marguerite Duras: A Cor da Palavra; Filmes das Cooperativas; 25 de Abril, Sempre – O Movimento das Coisas; ou, mais recentemente, Filmes de Fotógrafos-Artistas.
